Novos Horizontes...

Espetáculo, oficinas, cursos e palestras marcam a Conexão Cabo Verde, que começa amanhã e visa buscar o diálogo entre a dança cearense e outras regiões e países
O objetivo é fortalecer os processos colaborativos de criação artística da dança cearense com países do hemisfério sul. Expandir fronteiras e buscar novos horizontes, enriquecendo os intercâmbios e os diálogos e agregando diferentes propostas para o cenário da dança local. De amanhã até o próximo sábado, esse cenário muda de local, viaja e toma novos espaços em Cabo Verde. É o início da VII Bienal Internacional de Dança do Ceará - Conexão Cabo Verde.

Recheada de espetáculos, oficinas, palestras, seminários e encontros, dança e música, o evento apresenta uma intensa programação e cria uma ponte entre Ceará e Cabo Verde. São quase 100 pessoas, entre coreógrafos, intérpretes e bailarinos, na sua maioria do Ceará (mas também de São Paulo e Minas Gerais), que embarcam para trocar experiências e aprender mais sobre outros aspectos que permeiam o mundo da dança.

A dança contemporânea, o hip hop e as manifestações da tradição caboverdiana encontram-se com as pesquisas em videodança e com grupos de dança brasileiros com diferentes propostas. A intenção dos produtores da Bienal é dar continuidade a um intercâmbio de gêneros e gerações que objetiva alimentar os processos culturais e políticos dos cenários de ambos os países.

Painel cearense

Ao todo, serão cinco dias de programação, apresentando em 31 espetáculos. Dos grupos brasileiros, 13 são cearenses (Cia. Vatá, Dona Zefinha, CEM - Centro de Experimentações em Movimentos, Cia. Dita, Márcio Medeiros, Artelaria Produções, - Grupo N, Grupo Fuzuê, Academia de Artes Vania Dutra, Cia. Balé Baião de Dança Contemporânea, Cia. Etra de Dança Contemporânea, Cia. da Arte Andanças e Paracuru Cia. de Dança). Um verdadeiro painel do que o Ceará produz atualmente na dança.

"Alguns desses grupos nunca nem se apresentaram fora do Ceará e já estão indo para Cabo Verde", anima-se a coreógrafa Andréa Bardawil, coordenadora pedagógica da Bienal de Dança do Ceará e que estará em Cabo Verde apresentando um espetáculo de sua companhia ("Os Tempos", da Cia. da Arte Andanças), além de ministrar a palestra "Corpo e Imagem", juntamente com o videomaker Alexandre Veras.

"Essa é uma iniciativa inédita no campo da dança, e acredito em termos de arte no geral. Um intercâmbio maciço, são mais de 100 pessoas que estão indo", elogia a coreógrafa. "Essa é uma possibilidade de fazer os espetáculos cearenses circularem, promovendo uma visibilidade para a produção local e, em uma outra ponta, proporcionando novas experiências para os artistas. Muitos deles nunca nem saíram do Ceará", destaca Andréa Bardawil.

Para a coreógrafa, a Conexão Cabo Verde se alinha com as propostas da Bienal Internacional de Dança do Ceará, que tem David Linhares na direção geral. "É graças ao espírito empreendedor do David que a Bienal tem acumulado uma série de articulações e estratégias de trazer os artistas da cena para perto", explica. "A situação da dança cearense é bastante peculiar e muitas das políticas públicas hoje vigentes partiram da mobilização da classe artística. Ano passado foi de muita luta e de definição de espaços. Acho que a Conexão Cabo Verde chega para celebrar esses processos mobilizatórios".

Em relação às expectativas para apresentação do espetáculo "Os Tempos", Bardawil não esconde a ansiedade. "É um espetáculo pequeno, feito todo em silêncio para um público de cerca de 30 pessoas", explica. "Sempre tem a expectativa decorrente da diversidade cultural. Mas o cenário da dança cearense e de Cabo Verde tem algumas questões culturais compartilhadas. Acho que há alguns anos estávamos na mesma situação que Cabo Verde está hoje: uma certa aridez, poucas iniciativas de formação, pouco apoio governamental para a produção", avalia. Sendo assim, Cabo Verde e o Ceará se alinham para celebrar e discutir a dança.

Bienal de dança - Conexão Cabo Verde
Programação Espetáculos Cearenses


- "Compilation" - Cia. Vatá (Ceará/Brasil) - Matrizes de danças e tradições rítmicas brasileiras ;

- "Zefinha vai à feira" - Dona Zefinha - Baião, cantoria de viola, toadas, marchas, batuques de candomblé, música caipira e samba;

- "Engarrafada" - CEM - Centro de Experimentações em Movimentos - Em observação cotidiana da nossa relação com o lixo, com o que se joga fora, e o crescente avanço de uso de descartáveis e como isso se reflete na nossa vida;

- "Desespero para a felicidade ou se eu não gostar nada é para sempre" - Marcio Medeiros - Composição coreográfica com quadros cênicos que cruzam as linguagens de dança e teatro;

- "De-vir" - Cia. Dita - Propõe intensificar movimentos ondulatórios engendrando a idéia de um novo design;

- "Água de meninos" - Artelaria Produções - É o encontro de mitos e personagens históricos masculinos;

- "# Olhar 00" - Grupo N - Espetáculo voltado para o público infantil, partindo do mundo de encantamento de "Cego Oliveira", personagem do livro "A Rabeca do Cego Oliveira";

- "Mentiras sinceras" - CEM - Motivados pelo mote "verdades e mentiras", "erros e acertos", é um jogo onde os intérpretes se relacionam com o erro, criando uma metáfora para o corpo;

- "Respiro" - Grupo Fuzuê - Respiro questiona os valores culturais do homem contemporâneo em conexão com as milhares de redes existentes;

- "Vozes nagô" - Academia de Artes Vania Dutra - Musical que resgata a história e a cultura do negro de Horizonte por meio da música e da dança contemporânea;

- "A cadeirinha e eu" - CEM - O trabalho trata dos percursos de uma mulher, da infância à fase adulta, com humor e delicadeza, numa mescla de teatro e dança;

- "Sólidos" - Cia. Balé Baião de Dança Contemporânea - Tensões e estados corporais criados em solo e expandidos em contato com o espaço-objetos-corpos;

- "Entre e saia para as entre salas" - Cia. Etra de Dança Contemporânea - O cotidiano de uma casa e as diversas relações entre pessoas e objetos, o inesperado e as incertezas;

- "Caçadores de Pipa" - Cia. Vatá - O espetáculo é um mergulho na história do samba e no corpo ritual dos ritmos africanos;

- "Cantos e Causos" - Dona Zefinha - Espetáculo que celebra a diversidade rítmica brasileira;

- "Os Tempos" - Cia. da Arte Andanças - diz respeito a uma forma de estar no mundo, algo que nos interessa observar, pensar e experimentar;

- "Dois Pontos" e "Por um Fio" - Paracuru Cia. de Dança.

MAIS INFORMAÇÕES

VII Bienal Internacional de Dança do Ceará - CONEXÃO CABO VERDE. O evento começa amanhã (19) e prossegue até o próximo sábado, 23 de janeiro de 2010 - Praia/Cabo Verde. Informações: bienaldedanca.com/2009 | conexaocaboverde@gmail.com. Toda a programação do evento é gratuita.

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